Núcleo III

Núcleo de Estudos sobre Gênero, Diversidade Sexual, Corporalidades, Inclusão & Educação.

Este núcleo integra um dos três eixos epistemológicos/investigativos do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação, Diversidade e Inclusão (LEPEDI), tendo por objetivo o estudo sobre as perspectivas de inclusão em educação da população LGBTQIA+ e diferentes expressões de gênero, assim como a análise (in)visibilidade dos corpos dissidentes no espaço escolar enfrentando uma estrutura educacional patriarcal e excludente.

No  ambiente escolar percebe-se a reprodução das tensões e disputas de narrativas que atravessam e constituem o tecido social. A expectativa criada por uma cultura do corpo branco, masculino, magro, sem deficiências e cisheteronormativo estabelece vias de exclusão paralelas à trajetória escolar de cada pessoa, desde a mais tenra idade, inviabilizando o acesso democrático real à educação plena preconizado pela legislação vigente. A organização dos espaços formais de ensino, a construção de seus currículos, assim como as evidências emanadas pelas práticas pedagógicas nos trazem pistas de como a segregação e o preconceito operam cotidianamente nos espaços escolares em todas as modalidades e níveis de ensino. Pensar a interseccionalidade entre esses fatores e como essa rede de exclusão e preconceito é tecida nas escolas nos parece uma tarefa urgente na emergência de um novo século que se pressupõe inclusivo e democrático. Conforme enuncia o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, em sua Pedagogia do Oprimido: “a práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimido”. (1997, p. 38)

Diante de tantos desafios na formação de todas as pessoas em níveis formais de ensino, pensar desde as marcas dos estigmas atribuídos socialmente (Goffman, 1980) até os atravessamentos vivenciados no entrecruzamento das avenidas identitárias que cada pessoa percorre (Akotirene, 2019) tende a contribuir para transmutar práticas opressoras de ensino em práticas que libertem, emancipem e que tornem todos os atores envolvidos nesta tarefa produtores de sua própria história. Perceber-se como protagonista no processo de sua formação torna-se fundamental no processo de inclusão integral de todas as pessoas.

Sendo assim, as perspectivas de pesquisa deste núcleo buscam promover o debate sobre a escola conservadora, seus mecanismos de exclusão e as potencialidades de resistência por intermédio da elaboração de práticas precursoras de liberdade, emancipação e pertencimento. Trazer autores e relatos que problematizem os efeitos de práticas educativas baseadas em ideais formalizados pelo patriarcado, com tendências racistas, misóginas, gordofóbicas, capacitistas, entre outros objetiva ser nossa contribuição no campo para construirmos, em parceria, saídas para uma educação verdadeiramente inclusiva.

Referências
Akotirene, Carla. Interseccionalidade. São Paulo; Pólen,2019.
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz & Terra, 1987.
GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.

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